sexta-feira, 29 de junho de 2012

Um audacioso Federer

Sem muito brilho. Sem grandes expectativas. Audácia em alta. O jogo de hoje protagonizado pelo suíço cabeça de chave número dois do torneio, Roger Federer e, Julien Benneteau, tenista do top 30, fez a quadra central de Wimbledon tremer diante das fortes emoções proporcionadas pelos dois jogadores na luta por uma vaga pelas oitavas de final do Grand Slam inglês.

O jogo começou morno, sem muitas chances de quebra para cada um dos lados. Até que, no 4/4 da primeira parcial, com saque de Federer, o francês se impôs com tamanha precisão e agressividade, quebrando o serviço do suíço, concretizando sua vantagem em 6/4 no primeiro set. Julien Benneteau continuou a ser agressivo e consistente em seus golpes no set seguinte. Sua confiança aumentava gradativamente, inclusive nos momentos de pressão, quando Federer teve a chance de fechar a segunda parcial, com três break points e set points ao seu favor. Entretanto, o francês levou a partida para o tie-break, fazendo 7/6 (7-3) no suíço.

No terceiro set, entretanto, a partida levou um rumo totalmente diferente dos dois anteriores. Mais regular, Federer manteve seus serviços à frente de um francês apático; cansado fisica e mentalmente, concretizando seu bom momento no jogo, cedendo apenas dois games ao seu adversário na terceira parcial. No set seguinte, a disputa começou equilibrada, com ambos tenistas colocando a bola para correr, com fome de vencer. O suíço, no entanto, levou a vantagem, ao fechar em 7/6 (7-5) na quarta parcial.

Por fim, no último e decisivo set, Federer mostrou do por que ser o melhor jogador em quadra. Consolidando seus games de saque e quebrando o serviço de Benneteau em todas as oportunidades que teve, o suíço não só virou, mas fechou a partida com audácia e moral alta. Com 6/1 na quinta parcial, Federer se classificou para a quarta rodada do torneio.

***

Comentário à parte

Assisti hoje à uma partida sensacional, emocionante. Sentada na sala na companhia de meu pai, me esculachei, me arranhei, vibrei e gritei como um bicho, literalmente. Fazia tempo que não via um jogaço de tênis como o de hoje. Não estou falando meramente da parte tática e técnica do jogo, até porque não assisiti à um espetáculo de jogadas ou a um emaranhado de pontos dignos de se tirar o chapéu. Mas sim, testemunhei uma grande partida, na qual o esforço mental foi/é o quesito principal na consolidação de uma vitória. E Federer o teve. Como diz o grande comentarista de tênis Dácio Campos, o "Leão da Montanha" ressurgiu na hora "H" e se impôs definitivamente nos pontos-chave da partida. Muito embora Federer tivesse perdendo os dois primeiros sets para o francês, o suíço manteve, durante a partida inteira, uma audácia e sede de vencer não só o jogo de hoje, mas um futuro vislumbramento de faturar o torneio inglês. Por isso, vibrava a cada ponto que julgava ser importante. Errou muito, sim. Mas não desistiu da vitória nenhum momento sequer. Vitória essa que seria difícil, visto o ótimo dia inspirador que se encontrava o francês. Afinal, o que poderia ter no café da manhã de Benneteau? Não se sabe, mas que o algoz de Federer jogou muito, jogou. Correu atrás de todas as bolas possíveis e impossíveis esboçadas pelo suíço. Diria até, desprovidamente de orgulho no momento, que o francês jogou bem melhor que Federer. Pois, diferentemente do ex- número 1 do mundo, Julien Benneteau jogou acima do que poderia, chegando em todas as bolas, profundidades e ângulos; sem contar que não cometeu erros bobos como o fez Roger. Entretanto, como os fins, na maioria das vezes, justificam os meios, o suíço saiu como o grande vencedor da partida, mostrando que a frieza e paciência foram seus grandes êxitos no final do jogo. E, por que não, um jogador mais completo.

O maior da história, Roger Federer.



segunda-feira, 25 de junho de 2012

In the middle of the night...

Noite de São João. Fogos de artifício. Surpeendia-se a cada ano. Com as novidades, com as pessoas, com o amor. Mas sempre havia algo de inusitado e esperado, incontrolavelmente. Passaram-se algumas horas de sua estadia na festa de São João, quando, indesejavelmente, uma certa senhora, com seus sessenta e poucos anos, a via e viria estarrecer a pobre garota, tão indiferente à situação e tão desconfortável diante do que poderia acontecer brevemente. "Ô mulher chata!", pensava a menina. Prosseguiu-se, então, a conversa:

- Olha só quem tá aqui! - exclamou a sessentona.

- Olá!, disse a garota.

- Como você tá, bem?

- Tô ótima e você? - perguntou a menina.

- Ah, tô bem, minha querida. Como vai a faculdade? - esboçava um sorriso torto na cara.

- Tá tudo certo! - respondeu paulatinamente.

- Ah, que bom! Tá gostando?

...

É. Sabe essas conversas sem sentido? Todo ano, no mesmo lugar, a praticamente nas mesmas circunstâncias, sempre haveria de ter. Até que a senhora era uma figura, engraçada. Divertia a menina. O coração da garota ria incessantemente, anualmente, momentaneamente. Era, de fato, uma situação hilária e, por que não, what the fuck!
Talvez, não seja somente essa uma estória bizarra, mas tantas outras que caberiam no cotidiano metafórico de suas crônicas ininteligíveis.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Na orla de lá

Tomou um copo d'água, o colocou na orla da pia.  Na orla, fitou a orla do outro lado, havia um pensamento linear, tecendo o caráter sólido, oscilante, apaixonante, inusitado... Assim era, talvez. Só não sabia se era mesmo, mas no fundo, tinha uma convicção inexplicável de seus desejos sigilosos; suas intrigantes fantasias a enfeitavam como um suporte para seguir em frente, lutando sempre contra o vento e junto ao vento. Ela era meio assim, meio ela. Não gostaria de ser mais ninguém, visto a complexidade que postergava sua revelação total. O grito final. Ela gostava de ser idealizada, irreconhecível. Via o mundo de uma forma tão repleta de vida, às vezes era cinza, nublado; outras era azul cristalino, como a água que bebia e transbordava seu mundo de emoção.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O Frio

O frio da barriga do vento da rua da loja de tudo. Frio em todo lugar. Em tudo que é lugar. Em todo, me envolvo envolta por militantes frios. Frios. Friorentos. Casaco? Cadê? Sei lá eu. O frio que atinge o pescoço, formiga os pés, as mãos, o bumbum, congela o nariz, prende em casa. Presos. Agora, sob as cobertas quentes que lhe confortava. Ou não. A vontade de fazer alguma coisa era tão grande quanto a preguiça que impedia. E, todavia, nem mesmo a vontade e a preguiça eram consideradas inimigas. A vontade era grande, mas a preguiça lhe emanciparia. Voo grande, que abrange os horizontes. E de repente, o frio tornava-se bom, quente, caliente, nos consumia, nos resguardaria em um dia frio. Passava a cabeça na mão, respirava inspiração autônoma, de credibilidade a sim mesma. Só estava feliz de poder compartilhar banalidades impensáveis, nem ela mesma sabia o que fazia ali. Naturalmente, o frio lhe contentava como poucos. Podia desfrutar de um momento a sós, de um chocolate quente com bolachinhas de nozes. Unhm! Lanche delicioso! Grátis! Com direito à gordura trans e tudo o mais. Quer saber? Ela engordara sua vida. Fê-la mais saborosa. Mais vibrante e irradiante. Mais intensa e vívida... Ela esquentava no frio, mesmo sem casaco. Até que gostava de um certo conjunto moletom da gap cinza. Mas hoje, vestiria um casaco rosa, ironicamente da gap: tudo que ela precisaria nesse frio era dar um intervalo pra vida. Preguiça.

sábado, 2 de junho de 2012

WTA: Wozniacki x Kanepi

Vou ser bem direta: nunca gostei muito do circuito feminino. Não me agrada o jogo das mulheres. Sem querer ser preconceituosa e genérica, mas sendo, a mesmice do jogo das tenistas é claramente nítida e indiscutível. Desde que Justine Henin saiu, minha jogadora de tênis favorita, não consigo assistir sequer a uma partida de tênis por muito tempo.
Todas as jogadoras, pelo menos 90% delas, abusam da mesma técnica: bolas retas, trocas de bola da linha de base, uma ou outra jogada com top spin e sem nenhum outro recurso. É muito difícil ver uma jogadora se utilizando de outras ferramentas do jogo, como voleio, slice e lobbies. Não sei se é falta de oportunidade ou se é o puro desconforto das tenistas em variar o jogo e arriscar mais golpes. Mas a verdade, é que cansa... Cansa assistir a um jogo com pouquíssimas variações em quadra.
Hoje, entretanto, me passou uma vontade de fazer um comentário em especial. Assisti, parcialmente, o jogo entre Wozniacki x Kanepi e, me surpreendi. Gostei muito da tática e técnica usadas pela tenista Kaia Kanepi. Aliás, achei interessantíssima a maneira pela qual a jogadora atuou durante os dois últimos sets que vi. Kanepi, além de ter sido consistente em praticamente o jogo todo, é uma das raríssimas jogadoras do circuito que vi variar tão bem seus golpes, além de executar belíssimos slices com precisão e chamando a tenista dinamarquesa Wozniacki à rede para dar o bote final. Excelente jogadora, adorei acompanhá-la e me chamou a atenção seu comportamento em quadra, pois mesmo tendo tido a chance de fechar o segundo set em 6-2 e não conseguindo, não desistiu da vitória, consolidando-na com 6-3 no último set da partida. 
Wozniacki, por sua vez, é uma grande jogadora, já foi número 1 do mundo do ranking da WTA, mas francamente, não gosto do estilo de jogo dela. Tenista visivelmente defensiva, que ganha a maioria dos pontos se defendendo e esperando a adversária cometer erros para ganhar pontos. Não é o jogo de tênis mais bonito, mas vem, ou melhor, vinha funcionando muito bem até então, não fosse por sua queda diante da estoniana Kanepi, que para mim, técnica e emocionalmente foi muito melhor ao decorrer da partida.

Beijos e bom domingo.