segunda-feira, 20 de abril de 2015

O CÉREBRO DE BUDA: Neurociência prática para a felicidade


Fichamento por Juliana Taouil

O cérebro comanda nossas ações e deve estar em harmonia com a mente. Devemos direcionar nossos pensamentos àquilo que queremos, com foco e determinação.

"A base da compaixão é a compaixão por si mesmo" - Poma Chödrön. Ou seja, devemos nutrir compaixão, acima de tudo, por quem nós somos, do jeito que somos. Nos aceitar em toda nossa magnitude e plenitude. Se quisermos ajudar alguém, devemos, antes, ajudar a nós mesmos para, assim, conseguirmos, de fato, acolher o outro com a sinceridade e entrega de quem busca conhecer a si mesmo.

A autocompaixão, assim, ajuda-nos a sofrer menos e a enxergar a vida com menos ameaças.

Mesmo quando não estamos nos nossos melhores dias, devemos lembrar-nos de situações ou experiências que nos remetem a boas lembranças. Assim, conseguimos canalizar um campo de energia positivo a nossa volta, por menor que ele seja.

Então, quando vier pensamentos ruins à tona, pensemos em alguma coisa boa que aconteceu conosco em algum dia de nossas vidas para inibirmos a ação daquele  pensamento negativo em nosso cérebro, mente e corpo.

É importante compartilharmos experiências ou acontecimentos difíceis e/ou desagradáveis que ocorreram conosco com outras pessoas, pois nos ajuda a aliviar a tensão emocional e até mesmo física.

Técnicas de relaxamento se fazem, também, necessárias para bloquearmos o trânsito de pensamentos negativos em nosso cérebro. Uma das formas de relaxamento mais comuns é o sentir e o tocar nos nossos próprios corpos, massageando alguns músculos, como os da face, dos ombros, dos braços, das pernas e dos pés.

A prática de meditação também é outra maneira de anularmos situações estressantes e estimularmos o fluxo e distribuição de energia positiva em todo o nosso organismo. A meditação, entretanto, requer alguns requisitos básicos:
a) Devemos manter a coluna erecta ou encostada em alguma superfície que alinhe nossa coluna. Podemos, até mesmo, deitarmos na cama (desde que a coluna esteja reta);
b) Devemos manter os olhos fechados durante a meditação, a fim de nos desligarmos das múltiplas conexões que estabelecemos com o mundo quando estamos de olhos abertos;
c) Não podemos cruzar as pernas ou as mãos durante a atividade, pois, ao fazermos isso, estamos criando uma malha que bloqueia o fluxo de energia pelo corpo;
d) Podemos ou não colocar uma música relaxante durante a atividade; é algo opcional.
e) Durante a meditação, é importante que sintamos nossa respiração: o inspirar e o expirar devem ativar um estado de consciência de nossa existência no mundo.
f) Ao respirarmos, no mínimo 30 (trinta) vezes, conseguimos atingir um mínimo patamar do estado de neutralidade da mente.
g) Durante a meditação, é ainda rico criarmos um ambiente e/ou um cenário fantasioso em nossa mente, no qual devemos projetar uma situação em que estamos rodeados de pessoas queridas em algum lugar tranquilo que possa nos oferecer paz e harmonia. Isso estimula nosso campo vital e nossa pró-atividade para realizarmos aquilo que almejamos.

Para continuarmos na busca pelo equilíbrio da mente, devemos reconhecer, também, nossos medos para, assim, podermos combatê-los. E, às vezes, a melhor forma de combatermos nossos "fantasmas" é deixá-los nos adentrar sem precisarmos lutar contra eles, pois uma hora eles vão embora, já que tudo na vida é passageiro.

Assim, se permitirmos não só o reconhecimento das coisas boas, mas também das coisas que nos atormentam, podemos, com maior facilidade, tornar-nos seres mais empáticos e equânimes dentro de nossa plenitude e complexificação.

A equanimidade, neste contexto, só consegue ser atingida quando trabalhamos, diariamente, nosso senso de entrega e completude, e a completude nada mais é do que estarmos receptivos a todos os desafios da vida a que estamos sujeitos, aceitando todos os prós e contras das mais diversas situações que passamos.

Portanto, o alcance de um estado equânime da alma, ou seja, um estado harmonioso d'alma, em equilíbrio, só é possível por meio de práticas de autodesenvolvimento, como a meditação. Trabalhamos, assim, a elevação da mente, do corpo e do espírito, para sermos seres capazes de compreendermos que devemos nos entregar àquilo que fazemos de corpo e alma, mas dentro de um limite intrínseco a cada um de nós, abnegando, ao mesmo tempo, o excesso - que é algo que vai além dos nossos limites e capacidades.

Como diria o sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman, a cada um de nós foi feito um mundo perfeito.

E, para conseguirmos atingir um estado de equilíbrio da alma, devemos nos aceitar em toda nossa magnitude, integrando todas as nossas características a nossa máxima personalidade.

Por assim dizer, devemos integrar o lobo do amor ao lobo do ódio: ou seja, para sermos seres íntegros e perfeitos, devemos acoplar nossos pontos positivos e emoções boas aos nossos pontos negativos e emoções ruins. Pois só assim, podemos nos permitir sermos quem somos de fato, trabalhando harmoniosamente todas as nossas características, aplicando-as devidamente e de acordo com as circunstâncias.

Devemos, portanto, acolher o lobo do ódio também, porque é através do reconhecimento do nosso "lado negro" que podemos trabalhá-lo para o bem e para o seu bom uso.