Sabe, acho que muitos de vocês já ouviram falar do filme O Último Samurai. Se tivesse de escolher uma palavra para defini-lo, seria vazio. Isso mesmo, vazio seria a palavra. Elegi tal palavra porque o filme não é digno de belos adjetivos, ao contrário, ele reflete o ser humano em todas as suas facetas. O que faz do ser humano um ser especial é justamente o vazio que o mesmo contém.
Mesmo assim, sinto que não esclareci tal escolha. Só sei de uma coisa: o belo só existe aos olhos de quem o vê. Para mim, o belo existe no filme, mas o vazio se sobressai.
Estamos em um mundo cada vez mais moderno, no qual os valores do mundo ocidental têm se carimbado como os valores-modelo a serem seguidos. A cultura do mundo ocidental está se firmando cada vez mais como a hegemônica. Muitos países se firmaram e/ou estão se incorporando ao modelo capitalista.
No filme, O Último Samurai, embora se passasse no século 19, (XIX) tal realidade vem à tona: o Japão. A modernidade chegou ao Japão. Chegou porque é a hora de o Japão deixar de ser um país feudal e se abrir para o que há de novo, moderno. Entretanto, uma parte dos samurais que sobrou, comandanda pelo líder Katsumoto, não quer que o Japão tradicional se renda à modernização. Não admitem, muito menos, perder seus valores que por anos foram herdados e cultivados de geração por geração. Os valores que os samurais remanescentes pregam são, acima de tudo, sua vida, a honra. A espada é sinônimo de honra. E é pela espada que sou digno de matar e de morrer. Tudo pela espada. A espada é o símbolo máximo de amor pelo que sou, por aquilo que acredito ser. Vou morrer honrado. A espada me honrará.
É com base nesse panorama que o filme se passa. Protagonizado pelo então comandante do exército japonês, Nathan Algren, tal exército procurará destruir com os samurais, sob a direção de Katsumoto. E é durante a primeira batalha de Algren contra os samurais, que o líder Katsumoto enxergará naquele a verdadeira força de um guerreiro, que mesmo com seus inúmeros e imperdoáveis erros, carrega consigo a dignidade de um verdadeiro homem, guerreiro, que vê na luta seu melhor aliado. A paixão da batalha demonstrada por Algren levará Katsumoto a tê-lo para perto de si, perto de seus valores.
Ao decorrer do filme, Nathan Algren parecerá ter tido seus valores e princípios, se é que os tem, esvaiados pelo espaço. O então comandante do exército japonês se sentirá um tanto atormentado e, ao mesmo tempo, maravilhado com a cultura e as crenças dos samurais. A princípio, Algren se sentirá de certa forma deslocado, vazio. Como se nunca tivesse valores, como se nunca houvesse aprendido a amar alguma coisa, alguém. Com a convivência cada vez mais sólida e envolvente que Algren consolida com os samurais, o vazio que antes perdurara acabará sendo, com o tempo, preenchido com novas ideologias, novas esperanças, talvez. Mas certamente, o ex-comandante do exército japonês, se apaixonará por aquela cultura da tribo de Katsumoto, por todos aqueles treinos árduos realizados diariamente. Por cada suor sentido. Por cada olhar contemplado e apaixonante entre ele e Taka, filha do líder dos samurais. Todos esses acontecimentos levarão Nathan Algren a se tornar um samurai.
O vazio que estava tentando explicar, talvez, de uma forma ainda parcial, devido à complexidade da vida, é justamente em relação a mente dos homens. E o quanto às vezes, nos sentimos vazios, desabrigados, tomados pela solidão...Perdidos achando termos encontrado o caminho. Talvez o caminho a ser seguido nunca se concretizará por completo, enquanto nossa consciência não abrigar valores que, em sã certeza, preencherão nossa mente. Mente vazia. Talvez essa seja a chave para uma verdadeira batalha.
Seja como for, assistam o filme, não poder-eu-ei contar-lhes a história, coisa mais pura e verdadeira. Abstrata e desnecessária de explicações.
Boa Noite, em paz.
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