Os pássaros que assobiaram nos tempos de rei-rainha são outros agora. É aquela metáfora insana que norteia essas vidas puras e selvagens nossas. Agora, mais selvagens do que nunca. Confundimo-nos com animais loucos, desenfreáticos, irracionais. Talvez, não mais do que talvez... sempre fomos assim. E agora, mais do que nunca. Nenhuma pérola glamourosa foi tão bonita como hoje em dia... jamais! A beleza ideal sempre existiu e, hoje, está banalizada. Aquela jóia concreta revestida de brilho abstrato desfez-se em bijouteria barata.
Eles imaginam um mundo melhor, mas só imaginam. Ou será que fazem algo para melhorar? Aliás, quem são eles para julgar o que é certo ou errado? Progresso ou retrocesso? Não têm ideia da imensidão do Universo. Afinal, a imensidão transcende os sentidos humanos. Quando eles começarem a entender de coisas grandes, todos se deixarão levar pela embarcação. Ninguém sobra. Só são deixados para trás os que estão à frente de seu tempo, do senso comum. Esses não entram. São humilhados. Exterminados. E é por isso que talvez, não mais do que talvez, a Terra é redonda: não vamos para frente, nem para trás. Permanecemos no mesmo lugar.
Você, entretanto, diz gostar de inovar. Diz ser diferente. Acredita em uma contentação descontente. Acredita no absurdo - na sua esquisitice. Reclama da vida, das pessoas, da tolice de alguns, da infantilidade de muitos. Você... você não é assim. Mas você pensa no fundo do seu coração como todos são imbecis. E você se sobressai. Você é a peça exótica do quebra-cabeça. Em um mundo tão devastado como o nosso, a esperança é a última que morre. E você vai sobreviver, porque você fez por merecer: criticou, ou melhor, teve a coragem, como poucos, de criticar, gritar. Mas nada fez.
E eu... eu sou inocente! Não mereço isso. A vida me desmerece.
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