segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Apassarei

Vocês perderam o gosto pelo verdadeiro... me deixaram no mar à toa, vislumbrando a paisagem que mergulhou em mim. Não sou mais eu. Não sou o eu; sou o todo. Faço parte de uma imensidão, onde só observo o sol raiar, a chuva cair, o vento soprar, o amor renovar.

Eu não me tenho e não me pertenço. Não tenho um lugar, na verdade. O lugar me procura antes de eu chegar lá. Escrupulosa, sempre continuo navegando por águas profundas, as quais sem não sou ninguém. Nunca fui alguém. Não tenho nome. Sou um registro do passado, o cerne do futuro, o presente do incerto. Meu nome tampouco me importa, se nada me importar. Eu quero chegar, então, à lua, abraçar seu brilho e ser altruísta das carícias da vida.

Quero um amanhecer só pra mim. Quero uma rajada de ventos que perfure meu peito e faça meu coração sorrir. Quero ventar como nunca antes.

Quero ser um pássaro com longas asas, um vôo tranquilo e um canto próprio.

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