sábado, 6 de agosto de 2016

Redescoberta

Faz um tempo, tenho vivido à luz de minha própria sombra. Sem saber o que fazer; sem saber para aonde ir. Fico frustrada, ansiosa para me libertar desta fase de isolamento e recolhimento. Mas, não é o momento. Não estou no momento de decidir nada, de fazer coisa alguma se eu não quero. Se eu não quero fazer. Simplesmente porque não posso me forçar a acelerar o rumo das coisas se eu não consegui digerir tudo que me aconteceu; tudo que estou sentindo. A tristeza me encontrou quando eu menos esperava. As descobertas e as dúvidas vieram para me dizer que eu não sei tudo. Que nem tudo vai acontecer como eu quero ou quando eu quero. Talvez leve um tempo... talvez este tempo nem mesmo chegue. No entanto, aqui estou eu, mergulhada em nostalgia e angústias por não saber o que eu devo fazer. Uma vez, disseram-me que mesmo a falta do saber é um caminho escolhido, pois nem sempre temos a capacidade de decidir por nós: às vezes, é melhor deixar que o tempo aja e nos traga as respostas para as nossas dúvidas. Aprendi que não sou uma máquina com dois botões. Vou além do "sim" e do "não". As dúvidas são como o caminho do meio de Buddha; elas vêm para mostrar que há luz na escuridão e que há escuridão na luz. Ao contrário do que se pensa, as dúvidas são aliadas e grandes parceiras dos novos desafios, porque o medo do desconhecido nada mais é do que a dificuldade em decidir. Reconheço que, à luz de minha própria sombra, tenho aprendido muitas coisas e refletido sobre muitas outras. No entanto, não me venha dizer que tenho prazos para decidir pelo "sim" ou pelo "não". Eu não quero e nem posso decidir nada no momento, simplesmente porque não é o momento. O momento, agora, é de silêncio. Prefiro que o tempo me mostre o caminho. E, enquanto isso, vou caminhando para um caminho incerto, com tudo que estou sentindo, sem jogar fora os sentimentos sombrios que residem em mim. Só não quero que me forcem a decidir pelo "sim" ou pelo "não", pois o que está em jogo no momento é o momento mais magnífico da minha vida: o da redescoberta.

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