Hoje em dia, percebo o quanto o relativismo pode ser perigoso e nocivo à sociedade. É verdade que algumas coisas são relativas e estão ligadas a um gosto pessoal, como gostar de um certo tipo de música. Mas, isso não significa de forma alguma que, dada uma certa preferência a um estilo musical, seja possível afirmar que este seja superior a outro tipo. Agir assim é "pensar" com emoção, é ser passional.
Dizer que uma música clássica ou uma ópera sejam superiores a uma música popular não é e nem deve ser algo relativo. Além de uma maior complexidade na composição da música clássica, ela possui uma estrutura que compreende o aspecto discursivo como imprescindível à sua apreciação total. Diferentemente da música popular, é necessário prezar por cada detalhe na música clássica para a compreensão e captação desse elemento discursivo, tal como assistir um filme, com começo, meio e fim.
Entretanto, é exatamente o contrário que está acontecendo no Brasil: ao invés de uma análise embasada no conhecimento sobre as várias questões que norteiam nosso dia-a-dia e nossa necessidade de criar reflexões a partir disso, estamos, na verdade, vestindo ares de ignorância com tanto orgulho que acabamos subvertendo toda a racionalidade e a beleza que advém de amplas investigações, estudos e pesquisas sobre um determinado assunto ou tema.
Hoje, por exemplo, você é facilmente tachado de preconceituoso por qualquer coisa que diga ou discorde. Classificar de forma tão irracional e emocional é o novo padrão dos ditos intelectuais, daqueles mesmos que falam tanto em democracia e pluralidade de opiniões - desde que você não contrarie as deles, é claro.
Precisamos, urgentemente, parar com esta estupidez e burrice. Ter critérios e conhecimento é o primeiro passo para saber discernir o achismo do fato. É com critério e conhecimento que conseguimos, minimamente, fazer uma análise justa e coerente sobre as coisas.
Em suma, quem não se permite aplicar e estudar para se desenvolver e ser uma pessoa melhor, vai sempre confundir opinião pessoal com a realidade como ela é - vai ser sempre o que vai tachar de preconceituoso aquele que diz que música clássica é superior a um forró.
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sexta-feira, 17 de março de 2017
Relativização e Preconceito
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sábado, 6 de agosto de 2016
Redescoberta
Faz um tempo, tenho vivido à luz de minha própria sombra. Sem saber o que fazer; sem saber para aonde ir. Fico frustrada, ansiosa para me libertar desta fase de isolamento e recolhimento. Mas, não é o momento. Não estou no momento de decidir nada, de fazer coisa alguma se eu não quero. Se eu não quero fazer. Simplesmente porque não posso me forçar a acelerar o rumo das coisas se eu não consegui digerir tudo que me aconteceu; tudo que estou sentindo. A tristeza me encontrou quando eu menos esperava. As descobertas e as dúvidas vieram para me dizer que eu não sei tudo. Que nem tudo vai acontecer como eu quero ou quando eu quero. Talvez leve um tempo... talvez este tempo nem mesmo chegue.
No entanto, aqui estou eu, mergulhada em nostalgia e angústias por não saber o que eu devo fazer. Uma vez, disseram-me que mesmo a falta do saber é um caminho escolhido, pois nem sempre temos a capacidade de decidir por nós: às vezes, é melhor deixar que o tempo aja e nos traga as respostas para as nossas dúvidas.
Aprendi que não sou uma máquina com dois botões. Vou além do "sim" e do "não". As dúvidas são como o caminho do meio de Buddha; elas vêm para mostrar que há luz na escuridão e que há escuridão na luz. Ao contrário do que se pensa, as dúvidas são aliadas e grandes parceiras dos novos desafios, porque o medo do desconhecido nada mais é do que a dificuldade em decidir.
Reconheço que, à luz de minha própria sombra, tenho aprendido muitas coisas e refletido sobre muitas outras. No entanto, não me venha dizer que tenho prazos para decidir pelo "sim" ou pelo "não". Eu não quero e nem posso decidir nada no momento, simplesmente porque não é o momento. O momento, agora, é de silêncio. Prefiro que o tempo me mostre o caminho. E, enquanto isso, vou caminhando para um caminho incerto, com tudo que estou sentindo, sem jogar fora os sentimentos sombrios que residem em mim.
Só não quero que me forcem a decidir pelo "sim" ou pelo "não", pois o que está em jogo no momento é o momento mais magnífico da minha vida: o da redescoberta.
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terça-feira, 29 de março de 2016
Relações Portaria x Solo de Guitarra
Sinto muito em dizer, pois eu sinto em saber que está faltando um solo de guitarra em nossas vidas.
Isso mesmo: um solo de guitarra. Um solo de guitarra é um momento intenso e singelo, em que nossas emoçōes, sentimentos e pensamentos estão à flor da pele - nós nos debulhamos em lágrimas e vivemos, intensamente, absortos naquela melodia musical.
E, sim, estamos sóbrios. Não estamos bêbados, não estamos procurando uma válvula de escape. Simplesmente queremos viver o momento, ao vivo e a cores; lúcida e verdadeiramente. O que sinto, porém, é a ascensāo desenfreada do que eu chamo de "relações portaria".
As "relações portaria" são as relações efêmeras que desenvolvemos com as pessoas, de forma cada vez mais frequente e abundante. Não temos mais tempo para fazer visitas e apreciar o cafezinho fresquinho sendo jorrado naquela xícara especial para o convidado da tarde. Não. Hoje mandamos o recado pelo porteiro ou, simplesmente, passamos na portaria e deixamos nossa "lembrancinha de aniversário", nossa "presença enrustida".
Pois a Presença (com P maiúsculo), sinto dizer, é algo envolvente, algo quente. É o olho-no-olho, é o abraço apertado, os beijos de saudade e a manifestação do corpo, da alma e do espírito ao vivo, aqui e agora. Eu sinto falta da Presença, embora esteja começando a entender que na maior parte de meu tempo estive ausente em muitas coisas. E hoje, estou plena, estou Presente na minha vida.
Peço, de verdade, que se permitam ouvir um solo de guitarra. É fascinante! Eu ouvi muito - e ainda ouço - e continuarei ouvindo por muito, muito tempo. É um amor de alma. É de coração. Eu espero que não seja tarde demais para começarmos a mudar este paradigma insosso e superficial no qual estamos, tristemente, inseridos.
Que não seja tarde demais para descobrirmos que podemos ser muito mais do que servidores do comportamento ausente, egoísta e frágil de nossos tempos modernos "globalizantes". Que consigamos transpor as barreiras limitantes do medo, da insegurança e da falta e construamos relações de amor, de afeto, de carinho e não relações portaria ou porcaria, se assim posso dizer.
Isso mesmo: um solo de guitarra. Um solo de guitarra é um momento intenso e singelo, em que nossas emoçōes, sentimentos e pensamentos estão à flor da pele - nós nos debulhamos em lágrimas e vivemos, intensamente, absortos naquela melodia musical.
E, sim, estamos sóbrios. Não estamos bêbados, não estamos procurando uma válvula de escape. Simplesmente queremos viver o momento, ao vivo e a cores; lúcida e verdadeiramente. O que sinto, porém, é a ascensāo desenfreada do que eu chamo de "relações portaria".
As "relações portaria" são as relações efêmeras que desenvolvemos com as pessoas, de forma cada vez mais frequente e abundante. Não temos mais tempo para fazer visitas e apreciar o cafezinho fresquinho sendo jorrado naquela xícara especial para o convidado da tarde. Não. Hoje mandamos o recado pelo porteiro ou, simplesmente, passamos na portaria e deixamos nossa "lembrancinha de aniversário", nossa "presença enrustida".
Pois a Presença (com P maiúsculo), sinto dizer, é algo envolvente, algo quente. É o olho-no-olho, é o abraço apertado, os beijos de saudade e a manifestação do corpo, da alma e do espírito ao vivo, aqui e agora. Eu sinto falta da Presença, embora esteja começando a entender que na maior parte de meu tempo estive ausente em muitas coisas. E hoje, estou plena, estou Presente na minha vida.
Peço, de verdade, que se permitam ouvir um solo de guitarra. É fascinante! Eu ouvi muito - e ainda ouço - e continuarei ouvindo por muito, muito tempo. É um amor de alma. É de coração. Eu espero que não seja tarde demais para começarmos a mudar este paradigma insosso e superficial no qual estamos, tristemente, inseridos.
Que não seja tarde demais para descobrirmos que podemos ser muito mais do que servidores do comportamento ausente, egoísta e frágil de nossos tempos modernos "globalizantes". Que consigamos transpor as barreiras limitantes do medo, da insegurança e da falta e construamos relações de amor, de afeto, de carinho e não relações portaria ou porcaria, se assim posso dizer.
terça-feira, 3 de novembro de 2015
Tempos profanos
Vivemos tempos profanos, perecíveis, efêmeros. Tudo é passageiro. Nada é para sempre. O homem tem pressa para ser feliz; não se satisfaz com pouco. Procura preencher seus dias na esperança de estar bem, feliz ao final do dia.
Por que é necessário estar bem, mesmo? Faço essa pergunta todos os dias para mim. Enquanto não atribuirmos sentido às nossas vidas, não há necessidade de almejarmos algo. De conseguir algo. Sendo assim, nem é preciso reclamar sobre as eventuais circunstâncias ou acontecimentos que norteiam nosso viver.
É fácil querer. No entanto, é difícil o reconhecimento. Reconhecer a vida e, principalmente, a si mesmo enquanto ser humano em eterna evolução. Costumo dizer que existem indivíduos e não seres humanos, porque estes só existem em um mundo utópico, até então. Os indivíduos, na verdade, não estão preocupados com o outro, senão com si mesmos.
E é justamente a formação de indivíduos - e não de seres humanos - que a sociedade prega e padroniza. E, em meio a tantos estereótipos, seguimos a maré sem saber ao certo aonde estamos indo... aonde queremos chegar.
Por isso, antes de sair criticando a vida, olhe para si mesmo. Quem é você, mesmo? O que você procura? Quando começar a se valorizar, tenho certeza que conseguirá ajudar o próximo e lhe estender a mão. Idealizamos tanto e fazemos pouco. Pedimos muito e moderamos ao agradecer.
Não sei desde quando começamos com esta ideia de egoísmo, egocentrismo e todos os egos da vida. Só sei que, enquanto não conseguirmos nos emancipar de tudo que nos aprisiona e nos prende, jamais conheceremos este estado de "bem" que tanto procuramos por aí. E, talvez, nem seja preciso procurar tanto aquilo que só precisamos sentir.
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sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Despidos de amor
Hoje, ao levantar, me senti pronta. Mesmo com sono, dei o primeiro passo: agradeci a Deus por mais um dia, por mais uma oportunidade. Era de coração, pois alimentava minha alma e meu espírito de esperança. Sentia uma vibração em tudo que via à minha volta - desde as pequeninas folhas rasgadas à mais bela borboleta amarela que aparecia pelo meu quintal, esbanjando um voo cheio de vitalidade. Gostava das borboletas amarelas: sua cor, além de ser da tonalidade do sol, representava a alta conexão mental com o plano divino. Até porque a cor amarela simbolizava a reflexão linear; o raciocínio de uma forma criativa. E a borboleta, por mais pequena que fosse, me transmitia criatividade e acolhimento assim como a mais forte e calorosa penetração de um raio solar sob a pele.
Tudo, afinal de contas, estava interconectado: nós não vivemos mera e casualmente uma vida qualquer. Nós não vivemos ao acaso; nós vivemos todos juntos, embora nossas mãos ainda estejam separadas pelos muros colossais concebidos pelo julgamento incessante do outro. E quem era o outro, afinal de contas? O outro era a borboleta amarela, a formiga, a planta adoecida pela falta de chuva. O teu próximo era toda a humanidade. E a humanidade abarcava todos os seres, mesmo os inanimados como as rochas de lindas praias paradisíacas. Mesmo, ainda, aquele bichinho de pelúcia que você cultivava na sua infância por longos e extensos anos.
Você, um dia, já foi uma criança: já acreditou em um mundo de sonhos e fantasias, rodeado de anjos, de bruxas, de fadas madrinhas. E agora, já crescido, você vive uma vida sustentada pela concretude das coisas. Seu mundo, se antes colorido à la Faber Castell em 120 tons, hoje é descartado como uma simples folha de papel rabiscada à caneta. Não havia mais encanto em sua vida. E toda aquela ingenuidade, que outrora você tinha quando garoto, deixou de existir pela simples conversão da magia em loteria.
Sim, magia em loteria, já que, quase sempre, subordinamos nosso ser, corpo, mente e espírito às necessidades materiais, condicionadas pelo poderio proporcionado por um maior número de bens. Assim, ao invés de ajudarmos ao outro e a nós mesmos, por meio de práticas de autoconhecimento e valorização de toda a forma de vida, ansiamos por estar a frente de alguém; ser melhor do que outro indivíduo. Sim, outro indivíduo. Porque, ao meu ver, a palavra ser humano já não mais faz sentido em uma sociedade que perdeu a fé na humanidade. E hoje não mais uma borboleta ganha visibilidade, mas a quantidade de animais que conseguimos predar.
Mas, apesar dos pesares, eu continuo acreditando em tudo que sinto. Eu continuo tendo fé na humanidade, porque eu me encontrei e encontrei sentido em minha vida. E é por isso mesmo que agradeço todos os dias à Deus pela oportunidade de compartilhar. Pela chance de comungar com o outro tudo que faz parte de mim e tudo que alimenta a natureza. Pois, no final das contas, somos todos um.
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quinta-feira, 17 de setembro de 2015
A esperança e a morte
A esperança é a última que morre, diz o ditado.
A esperança é a última morte, diz a menina.
A esperança será a última morte, porque todos os dias, morremos um pouco. Morremos uma pequena morte dentro de nós. Transformamo-nos e morremos. Vivemos. Morremos de novo e renascemos. E quando a esperança morrer, tenha certeza de que você também morrerá. Literalmente. Porque a esperança é o amor que temos por nós mesmos. E quando já não conseguir se amar mais, você deixará este corpo e partirá para uma nova vida, do outro lado do mundo.
Você é esperançoso(a)? Ou você nutre a morte por você? O que você contempla? A luz ou a sombra? Jamais se esqueça, antes de mais nada, que aonde há vida, há morte. E a morte vive em você, todos os dias. Só não deixe que a morte seja maior do que a vida que existe em você. Senão, a esperança, assim como a flor, murchará do dia para a noite. E, assim como a flor, você deve regar todos os dias o amor que existe em você.
A esperança é a última morte, diz a menina.
A esperança será a última morte, porque todos os dias, morremos um pouco. Morremos uma pequena morte dentro de nós. Transformamo-nos e morremos. Vivemos. Morremos de novo e renascemos. E quando a esperança morrer, tenha certeza de que você também morrerá. Literalmente. Porque a esperança é o amor que temos por nós mesmos. E quando já não conseguir se amar mais, você deixará este corpo e partirá para uma nova vida, do outro lado do mundo.
Você é esperançoso(a)? Ou você nutre a morte por você? O que você contempla? A luz ou a sombra? Jamais se esqueça, antes de mais nada, que aonde há vida, há morte. E a morte vive em você, todos os dias. Só não deixe que a morte seja maior do que a vida que existe em você. Senão, a esperança, assim como a flor, murchará do dia para a noite. E, assim como a flor, você deve regar todos os dias o amor que existe em você.
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quarta-feira, 26 de agosto de 2015
A parte boa da morte
Li uma vez que a morte é a passagem para a luz. Nós saímos do nosso corpo para um estado pleno de consciência. E, quando morremos, vamos ao encontro de nossos mestres superiores que nos mostrarão, em poucos minutos, uma compilação dos principais episódios de nossa vida, por meio de um pequeno "filme". E o "filme", por incrível que pareça, é rápido. Dura pouquíssimos minutos.
Após o término do filme, nossos mestres nos perguntam se conseguimos alcançar nossa missão nesta vida. Como somos seres que vivem em um plano espiritual plenamente conscientes de quem nós somos, conseguimos, sem hesitação alguma, responder-nos se cumprimos com a tarefa que nos foi dada. Se a resposta for sim, ótimo. Mas, caso seja não, ótimo também. Ainda há tempo de, na próxima reencarnação, cumprirmos com nossas pendências. Nunca é tarde.
O aprendizado é infinito, porque nós somos seres de luz que já morreram no plano material. Sim, estamos mortos desde que nascemos. E a explicação para isso, segundo a curadora Barbara Brennan, é recorrente do fato de não nos lembrarmos de quem nós somos. Nós viemos para este plano para justamente lembrarmos um pouco de nossa essência e, assim, ser viável a possibilidade de nos conhecermos, um pouco que seja, ao longo da misteriosa trilha da vida.
É por isso que não podemos, de forma alguma, desistir de quem nós somos. À nós cabe as infinitas possibilidades de autorrealização, de amor, de plenitude e de encantamento. Se a vida é sinônimo de morte, que façamos da vida a morte que nos revigora a cada nascer do sol. Que não tenhamos medo de morrer e nascer no dia seguinte. Que nos permitamos viver a cada dia com mais curiosidade, com mais vontade de aprender e de tornar-nos mestres de nossas vidas.
Portanto, se viemos à vida com a finalidade de resgatarmos pequenas partes de nós já esquecidas pelo tempo, que consigamos cumprir nossa missão sem medo de errar, sem medo de arriscar. Pois, somos todos vitoriosos e reinamos no mundo celestial: Deus nos aguarda, mas, até que isso aconteça, não deixe de despertar o seu Deus interior.
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sexta-feira, 7 de agosto de 2015
A perfeição existe
Hauri todas as possibilidades e cheguei à seguinte conclusão: queremos receber; dar que é bom, não. O ser humano é um bicho complexo demais para tentar desvendar todos os mistérios que o cercam. Por isso, acredito, às vezes, que nos é inútil o pensar incessante de certas nebulosidades e maravilhas misteriosas que só Deus, ou uma força mágica, nos concebeu. Vale tanto a pena, assim, filosofar tardes e tardes pensando por que, afinal, uma cadeira é uma cadeira, como o faz o intrigante e eloquente filósofo Nietzsche?
Hoje, vivemos um verdadeiro paradoxo: estamos tão exaustos, cansados na ânsia descontrolada e desenfreada de consumir mais e mais imagens, informações e conteúdos, que não queremos pensar em mais nada. Desejamos, ao contrário, meditar horas e horas ao lado de belas e energizantes cachoeiras interioranas. Por que não? Faria tão bem ao nosso espírito! E o pior não é saber disso, é saber o quão impotentes e frágeis nos encontramos nos dias de hoje.
Sim. Frágeis. Qualquer coisa parece nos derrubar. Somos suscetíveis às mais variadas doenças a todo e qualquer instante. Por isso, penso que nada em excesso é bom: não devemos nos prender e criar utopias acerca da finalidade real de nossa existência, tampouco viver debaixo desta superficialidade que emerge, com tamanha intensidade, da era da iconofagia.
Devemos, ao contrário, ser uma ponte entre a terra e o céu. Receber tão quanto conceder. E, sobretudo, nos calar nos mistérios divinos que coroam a magnitude do universo. E do ser humano.
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quinta-feira, 28 de maio de 2015
Entrelinhas
- O que você quer da vida, menina?
- Eu? Bem, eu quero apenas uma coisa...
- O que?
- Eu mesma.
- Eu mesma.
Sim. Essas foram as palavras da garota, cujo nome não tem muita importância neste instante... porque ela falava com todos e para todos. Ela gostava muito dos pequenos detalhes da vida: ela inspirava a respiração aconchegante que seu anjo da guarda lhe proporcionava. Ah, como era bom apreciar minuto-a-minuto seu dia, pois suas tardes, regadas de imaginação e plenitude, a faziam preencher as páginas de sua história com todas as sete cores do arco-íris.
E ela se sentia cada vez mais viva e pró-ativa. Reconstituir a esperança que se vai a cada choro amargurado pela falta de amor. Ela não se dava por vencido, não dava o braço a torcer, pois percebia que a vida era tão imensa, intensa e cheia de si mesma, que a felicidade nada mais era do que um encontro com nossa instância superior: Deus.
Quando falava de Deus, falava de uma força interna. Algo misterioso, místico, encantador e transcendente. O elo com a divindade era eterno, sábio e silencioso - já que o trabalho maior era realizado internamente, dentro de cada um, na busca do aprimoramento de nossa essência e consciência.
Por isso, a guria, tão ansiosa e cheia de luz, sentia-se feliz, porque estava, finalmente, entendendo que a felicidade é um processo em eterna construção. E, por isso, ela transcende a morte.
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segunda-feira, 18 de maio de 2015
Minha vizinha é um mistério
Minha vizinha, do prédio da frente, é um mistério. A janela do meu banheiro dá de frente para um prédio velho e largo. No sexto andar deste prédio encontro a mulher enigmática - todas as noites, invariavelmente, sempre a vejo passando de um lado para o outro. Aparentemente, ela veste um avental branco e seus cabelos, sempre presos.
E agora você deve estar se perguntando "tá, mas e daí???" Muitas pessoas têm hábitos em horários específicos do dia, etc. Mas a questão é: aquela janela, pequenininha, que avisto do meu toilete, está sempre, SEMPRE, aberta. E o mais esquisito é que as luzes também estão sempre acesas - até mesmo de madrugada. E é justamente isto que me assusta. A vizinha anda para lá e para cá de madrugada. Sim. De madrugada. Eu, que tenho o costume de dormir tarde e, por vezes, acordar pela madrugada, já me deparei com essa cena milhões de vezes. Às quatro da matina, ela está ali, como se fosse um espírito vagando por um quarto. E a janela semi-aberta até mesmo nos dias de frio.
Confesso que vivo caçando perguntas que me dão coceira na cabeça. Pode ser falta do que fazer, sim. Falta do que pensar... ou até mesmo excesso de pensamento que tenho. Na verdade, sempre pensei muito até não conseguir respirar mais e apelar para minhas orações. Mas é justamente essa falta de leveza na minha mente que me faz reparar em coisas um tanto banais, pois só assim posso me distrair um pouco.
E como diria a escritora deste blog, "quem muito vive sufocado acaba se embrulhando em um papel, com um lápis e uma borracha".
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