Hoje em dia, percebo o quanto o relativismo pode ser perigoso e nocivo à sociedade. É verdade que algumas coisas são relativas e estão ligadas a um gosto pessoal, como gostar de um certo tipo de música. Mas, isso não significa de forma alguma que, dada uma certa preferência a um estilo musical, seja possível afirmar que este seja superior a outro tipo. Agir assim é "pensar" com emoção, é ser passional.
Dizer que uma música clássica ou uma ópera sejam superiores a uma música popular não é e nem deve ser algo relativo. Além de uma maior complexidade na composição da música clássica, ela possui uma estrutura que compreende o aspecto discursivo como imprescindível à sua apreciação total. Diferentemente da música popular, é necessário prezar por cada detalhe na música clássica para a compreensão e captação desse elemento discursivo, tal como assistir um filme, com começo, meio e fim.
Entretanto, é exatamente o contrário que está acontecendo no Brasil: ao invés de uma análise embasada no conhecimento sobre as várias questões que norteiam nosso dia-a-dia e nossa necessidade de criar reflexões a partir disso, estamos, na verdade, vestindo ares de ignorância com tanto orgulho que acabamos subvertendo toda a racionalidade e a beleza que advém de amplas investigações, estudos e pesquisas sobre um determinado assunto ou tema.
Hoje, por exemplo, você é facilmente tachado de preconceituoso por qualquer coisa que diga ou discorde. Classificar de forma tão irracional e emocional é o novo padrão dos ditos intelectuais, daqueles mesmos que falam tanto em democracia e pluralidade de opiniões - desde que você não contrarie as deles, é claro.
Precisamos, urgentemente, parar com esta estupidez e burrice. Ter critérios e conhecimento é o primeiro passo para saber discernir o achismo do fato. É com critério e conhecimento que conseguimos, minimamente, fazer uma análise justa e coerente sobre as coisas.
Em suma, quem não se permite aplicar e estudar para se desenvolver e ser uma pessoa melhor, vai sempre confundir opinião pessoal com a realidade como ela é - vai ser sempre o que vai tachar de preconceituoso aquele que diz que música clássica é superior a um forró.
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sexta-feira, 17 de março de 2017
Relativização e Preconceito
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terça-feira, 3 de novembro de 2015
Tempos profanos
Vivemos tempos profanos, perecíveis, efêmeros. Tudo é passageiro. Nada é para sempre. O homem tem pressa para ser feliz; não se satisfaz com pouco. Procura preencher seus dias na esperança de estar bem, feliz ao final do dia.
Por que é necessário estar bem, mesmo? Faço essa pergunta todos os dias para mim. Enquanto não atribuirmos sentido às nossas vidas, não há necessidade de almejarmos algo. De conseguir algo. Sendo assim, nem é preciso reclamar sobre as eventuais circunstâncias ou acontecimentos que norteiam nosso viver.
É fácil querer. No entanto, é difícil o reconhecimento. Reconhecer a vida e, principalmente, a si mesmo enquanto ser humano em eterna evolução. Costumo dizer que existem indivíduos e não seres humanos, porque estes só existem em um mundo utópico, até então. Os indivíduos, na verdade, não estão preocupados com o outro, senão com si mesmos.
E é justamente a formação de indivíduos - e não de seres humanos - que a sociedade prega e padroniza. E, em meio a tantos estereótipos, seguimos a maré sem saber ao certo aonde estamos indo... aonde queremos chegar.
Por isso, antes de sair criticando a vida, olhe para si mesmo. Quem é você, mesmo? O que você procura? Quando começar a se valorizar, tenho certeza que conseguirá ajudar o próximo e lhe estender a mão. Idealizamos tanto e fazemos pouco. Pedimos muito e moderamos ao agradecer.
Não sei desde quando começamos com esta ideia de egoísmo, egocentrismo e todos os egos da vida. Só sei que, enquanto não conseguirmos nos emancipar de tudo que nos aprisiona e nos prende, jamais conheceremos este estado de "bem" que tanto procuramos por aí. E, talvez, nem seja preciso procurar tanto aquilo que só precisamos sentir.
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quinta-feira, 28 de maio de 2015
Entrelinhas
- O que você quer da vida, menina?
- Eu? Bem, eu quero apenas uma coisa...
- O que?
- Eu mesma.
- Eu mesma.
Sim. Essas foram as palavras da garota, cujo nome não tem muita importância neste instante... porque ela falava com todos e para todos. Ela gostava muito dos pequenos detalhes da vida: ela inspirava a respiração aconchegante que seu anjo da guarda lhe proporcionava. Ah, como era bom apreciar minuto-a-minuto seu dia, pois suas tardes, regadas de imaginação e plenitude, a faziam preencher as páginas de sua história com todas as sete cores do arco-íris.
E ela se sentia cada vez mais viva e pró-ativa. Reconstituir a esperança que se vai a cada choro amargurado pela falta de amor. Ela não se dava por vencido, não dava o braço a torcer, pois percebia que a vida era tão imensa, intensa e cheia de si mesma, que a felicidade nada mais era do que um encontro com nossa instância superior: Deus.
Quando falava de Deus, falava de uma força interna. Algo misterioso, místico, encantador e transcendente. O elo com a divindade era eterno, sábio e silencioso - já que o trabalho maior era realizado internamente, dentro de cada um, na busca do aprimoramento de nossa essência e consciência.
Por isso, a guria, tão ansiosa e cheia de luz, sentia-se feliz, porque estava, finalmente, entendendo que a felicidade é um processo em eterna construção. E, por isso, ela transcende a morte.
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