terça-feira, 20 de agosto de 2013

ColorAÇÃO

Mas, hoje, meu vestido rasgou, e eu precisava que alguém costurasse um sorriso nele.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Sem Calçados

Por Jú Taouil

Entre pedras e flores, vejo o céu
Tão resplandecente quanto o olhar perdido
Da menina vagando na rua.
Milhões de sombras ao seu redor
"O que faço aqui?", se nem consegue
Enxergar a própria luz que emana de
Seus próprios passos.

Olha pras estrelas no céu
"O que são aquilo?" Vagalumes iluminam
Sua faceta, raio do desconhecido. 
Muitos à sua volta, nenhuma lembrança.
Nenhuma lembrança, só o pudor de viver
Uma vida sem sentido.

E lá se foi, perdidamente vivendo naqueles trilhos
Descalça pisava com pés sujos,
Sem saber pra onde ir.

Entre águas cristalinas e rios sujos
A podridão da doença daqueles pobres
e insanos que riam da menina passando
na rua. Sabe ela o que faria se ninguém erguia
a mão àquele broto selvagem, perdido na selva
Na imensidão do horizonte, onde nada tinha.

E lá se foi, perdidamente vivendo naqueles trilhos
Descalça pisava com pés sujos,
Sem saber pra onde ir.




sexta-feira, 28 de junho de 2013

Aikidô

Esses dias, ou sempre, para não mentir, estava pensando em meu Sensei. O meu mestre de Aikidô, que me guiou por dois anos (2010-2012). Um homem forte que, apesar de sua pouca altura, tem uma grande e bondosa alma. Aquele japonês me mata as saudades... quem sabe, não é hora de voltar aos eixos e frequentar de novo aquela academia, sempre que puder. Porque, o aikidô - ai: amor, ki: energia e dô: caminho - me inspirou de uma maneira única e inigualável. A filosofia da luta, da não-competitividade, de ajudar aos outros, por meio de movimentos circulares, utilizando somente os braços e as mãos, me fascinou de forma incrível...
Uma luta que trabalha, conjuntamente, corpo, mente e espírito. Uma luta que traz a paz de espírito, trazendo o autoconhecimento: pois, nunca nos conhecemos a fundo, sempre nos descobrimos e nos redescobrimos.
A ele, ao meu Sensei Ricardo, agradeço por seu amor e por sua figura paterna... obrigada por ser meu segundo pai.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

All Around The World

Blackout in London
Just slip and slide
Blackout in London
I'm just about to lose my mind
Big time in Paris
Time's gonna fly
Big time in Paris
It's c'est la vie for me tonight

Sometimes my urge to travel all around the world makes me feel as if I've never been homesick before. Oh yeah, indeed. The thing is: my parents just don't let me alone, not even a second. Is this good? Not at all. Sometimes, it's great to feel that vibe called FREEDOM. I mean, the best thing for me is simply enjoying life, without any strict restrictions. 
That's why, we, the ones who dream higher and higher, should always keep in mind how beautiful life can be just like it is, in fact. And things happen in the right time, in the right places with the right people.
So, even though we're not that fulfilled yet, positive vibes always come whenever we smile and sing a song aloud for the whole world.


domingo, 16 de junho de 2013

O Mendigo André

Por Juliana Taouil
Conheci André com 13 anos. Era o mendigo mais popular da Avenida Jurema, para não falar de Moema. Nesse canto da zona sul, André vagava para lá e para cá com seu bigodinho sujo e bem característico de seu rosto. André era baixinho, pretinho, falava gaguejando, cuspindo. Era engraçado. Parecia de bem com a vida, mesmo morando na rua.
Lá na Avenida Jurema, em cujas calçadas árvores diversas adornavam o cenário, tinha o supermercado referência de moema: Emporium São Paulo. E bem ao lado do supermercado, tinha o Marildo Cabeleireiros, cujo dono era de mesmo nome. Exatamente nessa área, nesse quarteirão que o mendigo André mendigava seus dias, conversava com quem passava, sempre segurando um saco de lixo na mão direita e coçando o pau com a esquerda. André era demais. Falava sozinho, mesmo sendo para lá de "extrovertido" e engraçado.
Passei parte de minha adolescência observando o que o pobre do André fazia em Jurema, afinal, como morava (e ainda moro) na Avenida Jandira, que, por sinal, é pertíssimo da Jurema, ia à pé para lá para fazer compras no mercado. E sim: André sempre estava lá, vagando, com seu bigodinho e seu saco de lixo, falando com Deus e com o mundo. Falando asneiras, baboseiras. Sorrindo um sorriso banguelo, cheio de felicidade. Felicidade de pobre. Um sorriso que contagiava os que já o conheciam, inclusive o barbeiro Marildo, que, um dia, pegou André à força para cortar-lhe a cabeleira suja e cheia de piolhos. Pois não é que o mendigo era pop naquela zona nobre da Grande São Paulo?
André certamente era o mendigo mais popular e carismático de Jurema. André era uma figuraça já! Até o dono do Emporium São Paulo já brincava com ele, chamando-o de "gostosão"! Quem diria, ou melhor, onde já se viu um mendigo causar tanto? Nunca vi... e há muito não vejo. André desaparecera há dois anos. Nunca mais pude ver aquele que tanto foi motivo de risada, de zombação. Afinal, adorava assistir ao André e às coisas que ele fazia. Ele era motivo de alegria. Pelo menos, aos moradores de Moema que o viam, o conheciam e já haviam trocado alguma palavra com ele um dia, porque aquele mendigo era cheio-de-graça, sempre com sorriso estampado no rosto desgraçado.
Ah, como sentia falta dele! Quando vou ao supermercado, não o vejo mais. Aquela rua simplesmente se desalmou. Desamei-a. Porque antes, eu amava aquele canto de Moema, amava ver o André, fazer compras era meu hobby! Mas, hoje... hoje é por acaso. Por acaso faço compras, passo por ali. Aquele lugar ficou indiferente a mim. Não vejo mais graça. Às vezes, dá a impressão de que até o Emporium São Paulo perdeu grande parte da clientela da época do mendigão. Parece que as calçadas ficaram mais vazias. Nunca mais veria a cena do dono do Marildo Cabeleireiros puxar o André para um corte de cabelo. Foi épico!
Se bem que esses dias, por acaso, estava indo ao Emporium São Paulo, quando me deparei com André brincando com um cachorrinho na frente do supermercado. Meu coração disparou! Saudades daquele homem! Onde andava? Não tive tempo para mais nada, coloquei meu braço sobre seu ombro e sussurei:
- Ah, que saudades, André!


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Meu vizinho, uma crônica

Admirava o homem que ficava sentado na sala de jantar e ficava lá, por horas, fazendo alguma coisa que não sabia. Era meu vizinho, do prédio da frente. Ficava ali, olhando para baixo, todo compenetrado, esbanjando leniência em seus atos mais minuciosos, naturais e tão casuais. Não conseguia identificar o que fazia. Só tinha certeza de que gostava de assistir àquele homem, que, porventura, não me era estranho: o tempo, para ele, não parecia passar nunca, assim como para mim.
Gostava de fazer as coisas sem me preocupar com as horas, e, aquele homem, tão sutilmente, me deixava calma, paciente. Livre de quaisquer obrigações casuais, rotineiras, cansativas. Não gostava desse jogo diário. Gostava mesmo era de apreciar uma paisagem, desfrutar da sensação de liberdade e livre arbítrio... Sim, gostava de brisar. Se bem que sempre ventei minha vida inteira - sempre fui muito intensa em tudo que fazia, por isso, a magnitude e simplicidade daquela cena me faziam refletir sobre várias coisas. O que é o tempo? Por que somos tão apegados ao tempo?
Não sabia... só tinha convicção que o tempo nada era diante de pequenos momentos que nos fazem valer a vida inteira.
E assim como você, meu caro, espero que alguém esteja me observando.

terça-feira, 9 de abril de 2013

A Sociedade Capitalista e o consumismo exacerbado: Reflexos do Pós-Modernismo


Por Juliana El Taouil Azar

Ritmo desfrenético. Isso mesmo. Vivemos em um mundo cada vez mais ritmado, limitado, estreito. Nossas vidas são pautadas por um cronômetro, em que o tempo é cada vez menor para realizar nossas atividades cotidianas, como acordar, tomar café, atravessar o trânsito das cidades, ir ao trabalho, almoçar, pegar o metrô em horários de pico, voltar para casa e, em poucos instantes, retornar para a cama para trabalhar cedo no dia seguinte. Esse é o ciclo rotineiro da grande maioria das pessoas, que, cada vez mais, são engolidas pelos tempos do Pós-Modernismo.
A era Pós-Moderna, em percurso desde as últimas décadas, estabelece padrões de vida cada vez mais hegemônicos e homogêneos, ou seja, procura enquadrar os indivíduos em uma sociedade cada vez mais capitalista, onde cada pessoa deve ingressar ao sistema vigente, no intuito da sobrevivência e da não-excludência. Por isso da mesmice que tanto norteia a vida dos habitantes - é preciso trabalhar cada vez mais, para se ter um poder aquisitivo maior e, por conseguinte, melhor qualidade de vida, estereotipada pelo consumismo exacerbado. O problema que reside, no entanto, da obsessão por mais capital e consumo, em um mercado cada vez mais acirrado, são os arquétipos veiculados pela sociedade marquetesca do que seria uma vida ideal. As pessoas querem ter cada vez mais, esquecendo-se, entretanto, de sua essência e de seus valores humanos.
Em meio à essa perda de identidade, de valores, cada indivíduo é considerado "mais um" no mundo. A era Pós-Moderna tem como uma de suas principais características a perda da originalidade, personalidade intrínseca a cada ser. Todos são iguais, devem ter as mesmas coisas, consumir os mesmos produtos, e em meio a tantos slogans e propagandas, a bagagem cultural e capacidade cognitiva das pessoas é anulada pela necessidade de se ter cada vez mais. E, para se ter, é necessário fazer, trabalhar desfreneticamente, ter um bom emprego para consumir mercadorias de interesse pessoal e/ou alheios.
As questões que perduram, talvez, diante desses fatos, são: "quem somos", "o que realmente viemos buscar em um mundo tão vasto e contraditório?" Hoje, e desde sempre, se fazem necessários momentos de introspecção, nos quais podemos pensar e refletir sobre nossas vidas e sobre o que realmente buscamos. Afinal de contas, de que adianta termos e consumirmos cada vez mais se não sabemos o por quê de estarmos atrelados à um sistema, que em termos, é tão condenatório e impositivo? Cadê a divergência e pluralidade de pensamentos? Será que a personalidade de cada um deixou de ser elemento importante da formação e constituição humana?
Nós, seres humanos, devemos, pois, procurar caminhos que nos guiem no mundo capitalista, tão integrante, mas ao mesmo tempo, tão excludente. A meditação, ou atividades de cunho espiritual, são essenciais e se fazem imprescindíveis como momentos de indagação sobre quem somos, o que se passa a nossa volta e o que realmente queremos. Dessa forma, deixaremos de ser apenas conduzidos, "mais um" e passaremos a ser alguém que pensa de fato.